domingo, 4 de setembro de 2011

Onde anda Valdiran


Marjoriê Cristine
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A rotina no Instituto Vida Renovada é tranquila. As orações e refeições têm horários fixos e são respeitados à risca por Valdiram e seus novos companheiros: os da igreja e os jogadores do Duque de Caxias, clube que o contratou em junho deste ano. Sem casa própria e para manter o tratamento de reabilitação, o jogador divide espaço com traficantes, estupradores e assaltantes. Pessoas de alta periculosidade que tiveram progressão da pena e tentam recomeçar a vida, assim como ele.
— Senti medo. Não conseguia dormir e ficava sempre reto na cama, com medo de algum deles me fazer algo. Foi difícil. Mas superei e percebi que eles buscavam o mesmo tratamento que eu: a salvação — conta.
Se antes dividia um quarto com 60 homens, hoje o pernambucano tem o privilégio de viver em uma suíte com banheiro próprio e até frigobar. Seguindo os preceitos da religião, alguns alimentos não são permitidos. Assim como as roupas. Se antes desembolsava muitos reais para comprar blusas, tênis, usar brincos e relógios caros, hoje, só pode usar calça social e camisa de manga longa.
— Até para dormir uso a roupa. Quando dou meu testemunho em comunidades e igrejas, coloco terno e gravata. Vou assim para os treinos também. Eles estranharam no Duque, mas agora sou um homem de Deus.
Valdiram não compra mais roupas de luxo e marca e só usa calça e camisa social
Valdiram não compra mais roupas de luxo e marca e só usa calça e camisa social Foto: Cléber Júnior / Extra
Sem concentração
Diariamente, o atacante se divide entre as tarefas e as orações — três vezes por dia, no Instituto Vida Renovada — com os treinos em Xerém. Com um bom carro no estacionamento da igreja, não precisa pegar um trem para ir ao clube e, por isso, chega sempre no horário marcado, o que antes não acontecia. Só uma coisa ele ganhou de privilégio: foi liberado da concentração.
— Um dos acordos é que eu não preciso pernoitar com o grupo. Chego no horário do almoço e vou para o jogo. Depois, retorno para casa. Algo improvável se eu não fosse convertido e uma confiança de que não farei nada errado novamente.
O voto de confiança é para poucos atletas. Os gols são para a alegria de todos e o sucesso do time.

Um comentário:

  1. Me chamo kleberson,sou da mesma cidade que Valdiram.Cheguei a jogar bola com ele no campo municipal de nossa cidade.A cidade tem um certo orgulho por ter ele como uma personallidade.Lembro quando tinha jogo do vasco e ele ia jogar,a cidade toda parava pra ver ele jogar.Ao mesmo tempo a cidade ficava triste com os acontecimento sobre a vida dele.
    Tomara que ele tenha se redimido das coisas que fez.abraço.... kleberson

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